Principal fabricante de catodos de cobre do Brasil, a Paranapanema tem planos de deixar de oferecer o produto ao mercado.
A companhia pretende consumir toda a sua produção, a partir de 2015, e reforçar sua atuação na próxima etapa da cadeia. Uma das formas de absorver internamente o catodo, que é uma placa de cobre refinado, seria a ampliação de sua fabricação de trefilados e vergalhões de cobre. Atualmente, a companhia produz entre 110 mil toneladas e 115 mil toneladas de catodos ao ano, cerca de 95% do total nacional.
O restante é produzido pela Mineração Caraíba. O volume da Paranapanema corresponde por aproximadamente metade do consumo no país, e o restante é importado, principalmente do Chile. Assim, quando começar a consumir toda a sua produção, a quantidade importada deverá subir consideravelmente. No ano passado, companhia vendeu 55,2 mil toneladas de catodos ao mercado e produziu 120 mil toneladas de vergalhões e 40 mil toneladas de trefilados, cuja produção também é feita a partir de sucata de cobre. Edson Monteiro, presidente da empresa, não detalha os planos da companhia,que poderá elevar sua participação no mercado de fios trefilados e vergalhões, produtos de maior valor agregado. Hoje, a empresa lidera este mercado com cerca de 60% das vendas feitas no país. “Nosso grande desafio é ter capacidade para laminar e processar todo o catodo”, diz Monteiro. Para tanto, a empresa pode ter que investir em novas trefiladoras e laminadoras de cobre, por exemplo, o que ainda não consta no orçamento da companhia. No ano que vem, a companhia prevê investir R$ 418 milhões. Neste ano, a previsão é de R$ 225 milhões. Além dos fios e vergalhões, que são fabricados na unidade de Dias D’Ávila (BA), a companhia faz tubos e conexões e ligas de cobre em Serra (ES), e semielaborados de cobre em Santo André (SP), o que inclui laminados,barras, perfis, arames e tubos. As perspectivas para o setor de cobre, cujo faturamento cresceu 4,9% no ano passado, são de leve aumento de vendas nos próximos anos, puxadas por novos projetos de infraestrutura no país. Em setembro, a empresa vai inaugurar sua nova fábrica de tubos sem costura em Santo André, onde está a sede da companhia. O projeto, que levou seis anos para ser implementado,elevará em 150% sua produção de tubos de cobre sem costura, passando de 12 mil toneladas para 30 mil toneladas por ano. Neste segmento, a companhia pretende elevar suas vendas para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus. Até que sua nova estratégia de reforçar a atuação na ponta da cadeia do cobre saia do papel, os planos da Paranapanema incluem o investimento em uma nova unidade de metais preciosos, ao lado de sua fábrica de Dias D’Ávila (BA). O objetivo é refinar ouro, prata e paládio obtidos como subproduto de sua produção de cobre. A Paranapanema estima que poderá refinar cerca de oito toneladas de ouro e entre 60 e 80 toneladas de prata ao ano atividade, segundo Monteiro. As novas atividades poderiam elevar em US$ 400 milhões a receita anual da companhia, que no ano passado somou R$ 4 bilhões.
Nova tecnologia elevará produção
Como parte de seu plano de investimentos de R$ 1,076 bilhão de 2012 a 2014, a Paranapanema pretende dar início em agosto deste ano à sua produção de catodos de cobre (placas de cobre refinado) com uma nova tecnologia. Com isso, atingirá seu objetivo de elevar seu volume anual de cobre refinado das atuais 267 mil toneladas para um ritmo de 280 mil toneladas ainda em 2013 e para 300 mil toneladas no ano que vem. Esse volume inclui tanto a produção de catodos como de vergalhões, fios trefilados e outros subprodutos da metalurgia de cobre.
Após 31 anos de produção com um método criado no século 19, que utiliza chapas do próprio cobre (“chapas de partida”) como base para a produção do catodo, a companhia adotou uma tecnologia que utiliza chapas de aço inox (“catodo permanente”). Neste ano, a Paranapanema vai operar com 42% da sua produção convertida para o catodo permanente. Na segunda etapa, no ano que vem, terá toda sua produção feita com a nova tecnologia, o que permitirá chegar às 300 mil toneladas anuais. Nos dois processos, o cobre adere na chapa por meio de eletrólise.
Com o novo método, que vem sendo utilizado em escala comercial desde 1978 na Austrália, o catodo tem melhores qualidades físicas e químicas, com menos ondulações, por exemplo, e a produtividade operacional é melhorada, uma vez que é possível elevar a densidade da
corrente elétrica do processo de eletrólise, segundo Edson Monteiro, presidente da Paranapanema. Financeiramente, há o impacto direto da redução de um imobilizado de US$ 22 milhões em chapas de cobre. (OA)
Source: Valor Econômico – 08/07/2013