SÃO PAULO – Se no passado a Paranapanema (PMAM3) já foi uma das empresas mais importantes da bolsa brasileira, dificuldades financeiras ocorridas no início da década de 90 levaram a companhia perder drasticamente seu valor de mercado e aos poucos o volume financeiro movimentado pelas ações foi diminuindo, fazendo a blue chip ganhar status de small cap. De lá pra cá, entre ofertas de venda e plano de reestruturação, a mineradora começa a ressurgir no mercado de ações.
Os papéis PMAM3 subiram em todos os 8 meses entre setembro do ano passado e abril deste ano, acumulando impressionantes ganhos 168% – a cotação da ação saltou de R$ 2,18 para R$ 5,87. No mesmo período, o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, recuou cerca de 2%. Em maio, no entanto, os ativos da Paranapanema encerraram esse longo ciclo altista com uma queda de 1,2% naquele mês, desvalorização que se acentua neste começo de junho – queda de 16,8% até o fechamento de terça-feira (11) -, mas mesmo assim os preços atuais ainda estão bem distantes daqueles vistos 9 meses atrás.
No início de maio de 2007, períodos pré-crise, os papéis da empresa chegaram a bater a cotação de R$ 21, mas foi perdendo forças gradativamente até atingir o valor de R$ 6,05 um ano depois – o que representa uma desvalorização de 71,2% no período. Após mais um ano, os ativos perderam mais 42% de valor a bateram a marca de R$ 3,50.
De 2008 até 2010, os papéis da Paranapanema apresentaram forte volatilidade, variando entre R$ 1,90 e R$ R$ 6,50, e atingindo por algumas sessões o patamar de R$ 7,00. O período também ficou marcado por diversos planos de reestruturação e a cada nova notícia as ações tinham fortes reações. Em 2011, os ativos passaram a ter menor variação e figuraram próximos dos R$ 3, algo que começou a mudar no início do ano passado, quando ganharam forças aos poucos, avançando 150% de maio de 2012 até o momento.
Passado grandioso
Para a Paranapanema, nem sempre o cenário foi de instabilidade. Antes das crises ocorridas nos anos 90, a companhia já foi um dos maiores grupos empresáriais do Brasil, chegnado a ser controladora de 73 empresas. No início de 1990, a companhia detinha aproximadamente 25% no Ibovespa.
No entanto, naquela mesma época, a empresa se afundou em dívidas e acabou vendida para um grupo de fundos de pensão de empresas estatais liderado pela Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil). Com a situação complicada, em 1994, a participação da Paranapanema no principal índice da bolsa chegou a apenas 1%, sendo que em 1999, a companhia foi retirada do Ibovespa.
Atualmente, a empresa é uma das mais importantes na área de metais não ferrosos, atuando na fundição e refino de cobre primário e semimanufaturados de cobre e suas ligas. A companhia possui quatro unidades: Dias D’Ávila, na Bahia, Utinga e Capuava, em Santo André e Serra, no Espírito Santo.
Plano de recuperação e oferta da Vale
Entre 2008 e 2011, quando os papéis tiveram pouca variação de cotação, a empresa passou por um grande processo de reestruturação, envolvendo diversas operações no mercado, como um aumento de capital, conversões de debêntures em ações e alienação de ativos.
Em 2010, a Vale chegou a fazer uma oferta voluntária de compra para adquirir a totalidade das ações da Paranapanema por R$ 6,30 por ação, que corrigido pelo CDI teria atualmente um valor próximo de R$ 8,00 – aproximadamente 50% acima do valor atual dos papéis na época.
Porém, em setembro daquele ano, a Vale comunicou que a oferta estava cancelada por não ter atingido a quantidade mínima de ações para ser efetiva. Os maiores investidores minoritários da Paranapanema se mobilizaram contra a proposta, por acreditar que o preço oferecido pela Vale era muito baixo. Por conta disso, a Vale, ao invés de dar um novo lance que agradasse estes acionistas da Paranapanema, optou por desistir da compra.
Ainda visando melhorar a situação financeira, a companhia passou a focar em grandes investimentos para os anos seguintes. Em entrevista ao Portal InfoMoney em março de 2011, a companhia afirmou que estava apostando em investimentos em infraestrutura do País nos próximos anos, principalmente em construção civil e eventos esportivos.
Ainda em 2011, a companhia anunciou um plano de investimentos para o período até 2013 no valor de R$ 630 milhões. O pacote visava mais uma vez se aproveitar de eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 para realizar grandes investimentos, apoiados pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo.
Futuro promissor
No segundo semestre de 2012, a Paranapanema anunciou um conjunto de investimentos e mudanças administrativas, chamada de a “Nova Paranapanema”. Para o projeto, foram planejados investimentos de R$ 984 milhões, a ocorrer entre 2012 e 2014. A companhia vai elevar em 27% a capacidade de refino de cobre e em 67% a produção de produtos semielaborados.
No último ano, a empresa investiu R$ 433 milhões, com mais R$ 164 milhões projetados para 2013 e mais R$ 358 milhões em 2014. Neste mês será inaugurada a nova fábrica de tubos de cobre, elevando a capacidade da Paranapanema em 36 mil toneladas por ano, equivalente a 85% do total consumido no país.
Para o analista Luiz Francisco Caetano, da Planner Investimentos, os primeiros efeitos positivos das recentes mudança já puderam ser vistos nos resultados do último trimestre de 2012. Quando comparados com o terceiro trimestre, a receita líquida cresceu 43% com a margem Ebitda subindo de 3% para 4,3%. E a projeção é que os próximos resultados venham ainda melhores.
Mesmo com a alta de mais de 150% no último ano, Caetano ainda recomenda a compra dos ativos da empresa e coloca um preço-alvo de R$ 7,40 para o final de 2013, valor que representa um potencial de valorização de 41,7% em relação aos preços atuais de PMAM3.
Texto escrito por Rodrigo Tolotti Umpieres
Source: InfoMoney – Informação que vale dinheiro